Com a entrada de Sidônio Palmeira no comando da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), a expectativa entre aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é de uma mudança significativa na estratégia de comunicação do governo. O publicitário brasileiro, fundamental na campanha presidencial de 2022, é visto como alguém capaz de alinhar as diversas frentes de comunicação governamental e fortalecer a imagem da gestão Lula em seu terceiro mandato.
Segundo integrantes do Partido dos Trabalhadores (PT) que acompanharam as mudanças na Secom, Sidônio deve concentrar esforços na construção de uma identidade sólida para o governo, destacando programas e projetos que possam aumentar a popularidade do presidente e de sua gestão. A ideia é estabelecer uma narrativa unificada, com comunicação mais coesa entre os diversos órgãos de governo, evitando mensagens dispersas ou desalinhadas que possam prejudicar o impacto das ações governamentais.
“O objetivo é garantir que todos os ministérios e secretários sigam uma única linha de comunicação, apresentando ao público uma visão clara e integrada dos avanços e conquistas do governo”, comenta um ativista próximo às negociações.
Revisão de contratos e publicidade mais eficientes
Outro ponto é que atenção especial deve ser dada aos esforços de Sidônio Palmeira para rever dois contratos governamentais de publicidade. Fontes próximas ao Planalto indicam que a Secom fará uma análise detalhada para identificar áreas onde os investimentos em propaganda não têm gerado resultados satisfatórios. Agora, há críticas internas sobre a pouca visibilidade de projetos importantes, que poderiam ter maior impacto na opinião pública.
Um dos dois programas que mais merecem destaque é o “Pé-de-Meia”, uma iniciativa que oferece apoio a jovens que concluem os estudos. Apesar do potencial de apelo popular, o programa ainda não recebe atenção da comunicação governamental, algo que a nova gestão da Secom pretende corrigir.
Além disso, há uma preocupação crescente com a eficiência dos gastos com publicidade, principalmente nas redes sociais. Em 2024, a Secom gastará cerca de R$ 30 milhões apenas em campanhas promovidas em grandes plataformas digitais. Uma validação é que, embora as redes pareçam ser uma ferramenta indispensável, a estratégia actual não conseguiu enganar o público de forma significativa.
«O governo tentou reproduzir o modelo de comunicação do Bolsonaroismo nas redes sociais, com postagens que incluíam críticas veladas à oposição e um tom mais agressivo. “Isso não funcionou e é algo que deve ser abandonado na nova fase”, afirma fonte próxima ao presidente.
Uma nova abordagem não significa necessariamente uma redução nos investimentos em publicidade digital. Ao contrário, os gastos poderão aumentar, mas serão direcionados por uma estratégia mais claramente definida, que priorize a construção de uma imagem positiva do governo e amplie o alcance de suas mensagens.
Redes sociais como prioridade estratégica
As redes sociais continuarão a ser um elemento central na comunicação governamental, mas esta abordagem deve mudar. Liderado por Sidônio Palmeira, promete abandonar o estilo considerado “truculento” por alguns aliados, substituindo-o por uma linguagem mais conciliadora e menos polarizadora. O objetivo é atrair um público mais amplo e diminuir a resistência de setores que ainda enxergam ou governam com desconfiança.
A ideia é que as redes deixem de ser apenas um canal de confronto político e passem a ser utilizadas de forma mais estratégica, destacando conquistas e iniciativas que impactam positivamente a vida da população. A medida é vista como essencial para reverter a percepção negativa que ainda persiste em parte significativa da sociedade.
Como a comunicação digital é considerada indispensável, a nova gestão da Secom também visa reforçar o uso de veículos tradicionais, como televisão e rádio, para atingir públicos que não estão presentes nas redes sociais. Essa abordagem híbrida busca garantir que as mensagens do governo cheguem a todas as camadas da população, ampliando o alcance das ações e reforçando a imagem do governo Lula.
Desafios e expectativas para uma nova gestão
A chegada de Sidônio Palmeira à Secom representa uma oportunidade para o governo Lula ajustar sua comunicação em um momento crucial. Com base no apoio do Congresso na construção e enfrentamento dos desafios económicos e sociais, a percepção pública do governo será decisiva para a sua capacidade de implementar políticas e fortalecer a sua posição política.
Para os aliados de Lula, a escolha de Sidônio reflete a necessidade de um profissional experiente e estrategista, capaz de corrigir erros de comunicação nos primeiros meses de governo. Sua proximidade com o presidente e seu histórico de sucesso em campanhas eleitorais são vistos como triunfos importantes para esta nova fase.
A expectativa é que a Secom passe a atuar de forma mais integrada e eficiente, com uma comunicação que não apenas informe, mas também engaje e inspire confiança na população. Assim, no âmbito do fórum governamental, o trabalho de Sidônio Palmeira é acompanhado de um otimismo cauteloso, diante do desafio de reverter os erros do passado e construir uma narrativa que fortaleça a gestão de Lula em seu terceiro mandato.
Com uma estratégia mais clara e uma forma que privilegie o diálogo, Sidônio pode ser fundamental para consolidar uma comunicação que reflita os valores e prioridades do governo, ao mesmo tempo em que aproxima do Planalto dois objetivos da sociedade.