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Um número crescente de crianças e adolescentes recebem prescrição de vários medicamentos psiquiátricos para serem tomados simultaneamente, de acordo com um novo estudo no estado de Maryland. O fenómeno está a aumentar apesar dos avisos de que as combinações de medicamentos psicotrópicos não foram testadas quanto à segurança em jovens ou ao seu impacto no cérebro em desenvolvimento estudado.
O estudo, publicado sexta-feira na JAMA Open Network, analisou os padrões de prescrição entre pacientes com 17 anos ou menos inscritos no Medicaid em Maryland de 2015 a 2020. Neste grupo, houve um aumento de 9,5% na prevalência de “polifarmácia”, que o estudo definido como o uso de três ou mais classes diferentes de medicamentos psiquiátricos, incluindo antidepressivos, anticonvulsivantes estabilizadores do humor, sedativos e medicamentos para TDAH e ansiolíticos.
O panorama
O estudo analisou apenas um estado, mas dados do estado Foram utilizados no passado para explorar este tópico, em parte devido à relativa facilidade de recolha de dados do Medicaid, o programa de seguro de saúde administrado pelo Estado.
Ao mesmo tempo, algumas pesquisas utilizando amostras ponderadas a nível nacional revelaram a crescente prevalência da polifarmácia entre os jovens. Um artigo recente desenhou dados da Pesquisa Nacional de Saúde Ambulatorial e descobriram que, em 2015, 40,7% das pessoas com idades entre 2 e 24 anos nos Estados Unidos que tomaram um medicamento para TDAH também tomaram um segundo medicamento psiquiátrico. Esse número aumentou de 26 por cento em 2006.
Os dados mais recentes de Maryland mostram que, pelo menos num estado, a prática continua a crescer e “era significativamente mais provável entre jovens com deficiência ou em lares de acolhimento”, observou o novo estudo.
Especialistas em saúde mental disseram que os medicamentos psicotrópicos podem ser muito úteis e que os médicos têm liberdade para prescrever o que considerarem apropriado. Uma preocupação entre alguns especialistas é que muitos medicamentos usados em coquetéis frequentemente prescritos não foram aprovados para uso em jovens. E não está claro como o uso simultâneo de múltiplos medicamentos psicotrópicos afeta o desenvolvimento do cérebro a longo prazo.
Os números
O último estudo descobriu que, em 2015, 4,2% dos inscritos no Medicaid com menos de 17 anos em Maryland tinham prescrições sobrepostas para três ou mais classes diferentes de medicamentos psiquiátricos. Esse número aumentou para 4,6 por cento em 2020.
Os números foram mais elevados para aqueles em lares de acolhimento, onde a prevalência da polifarmácia aumentou de 10,8 por cento para 11,3 por cento.
“As descobertas enfatizam a importância de monitorar o uso de combinações psicotrópicas, especialmente entre populações vulneráveis, como os jovens inscritos no Medicaid que têm deficiência ou estão em lares de acolhimento”, concluiu o estudo.