Edmundo González se encontrará com Milei apesar da recompensa oferecida pela Venezuela

Edmundo González se encontrará com Milei apesar da recompensa oferecida pela Venezuela

O ex-candidato presidencial da Venezuela, Edmundo González, chega nesta sexta-feira (3) em Buenos Aires para encontro com o presidente da Argentina, Javier Milei, marcado para a manhã deste sábado (4). A visita acontece poucos dias antes da posse de Nicolás Maduro, marcada para 10 de janeiro, e em meio a crescentes tensões entre a oposição venezuelana e o regime chavista.

«Venha em nossa jornada para a América Latina. Primeira parada: Argentina”, anunciou González em sua conta na rede social X na quinta feira (2), confirmando sua chegada ao continente. A visita foi ratificada por fontes venezuelanas e argentinas à CNN.

Simultaneamente, o governo chavista intensificou suas ações contra González, oferecendo uma recompensa de 100 mil dólares por informações sobre seu paradeiro. O anúncio foi publicado pelo Corpo de Investigação Científica, Penal e Criminal (CICPC), que acusa o opositor de crimes como formação de quadrilha, incitamento à desobediência civil, legitimidade de capitais e usurpação de funções, entre outros.

González está exilado na Espanha desde setembro, depois que o governo venezuelano emitiu uma ordem de prisão contra ele. Uma perseguição intensificada-sepois que sua campanha publicou atas eleitorais que, segundo ele, provariam a vitória na deposição nas eleições de 28 de julho. O Supremo Tribunal de Justiça do poder eleitoral venezuelano, porém, afirma que Maduro foi o vencedor da ação, mas os resultados detalhados da votação ainda não foram divulgados publicamente.

Maduro, fora do poder desde 2013, está preparado para iniciar o seu terceiro mandato em 10 de janeiro. No entanto, a oposição, liderada por González, insiste que ele é o verdadeiro vencedor das eleições e que deve assumir a presidência.

A visita de González a Buenos Aires ocorre num momento de grande tensão diplomática entre Argentina e Venezuela. Javier Milei, que constantemente se refere ao governo chavista como uma “ditadura”, viu os seus diplomatas serem expulsos de Caracas após criticarem o processo eleitoral venezuelano. Desde então, o Brasil assumiu a representação dos interesses argentinos na Venezuela.

A presença de González na Argentina também levou ao apelo à mobilização da comunidade venezuelana em Buenos Aires. A manifestação, organizada pela oposição, está prevista para acontecer em frente à Casa Rosada, sede do governo argentino, como forma de apoio ao ex-candidato.

Além disso, novos atritos surgiram recentemente entre os dois países. Um suboficial da Gendarmaria Argentina foi preso na Venezuela, acusado de estar em uma “missão” contra o governo chavista. O governo Milei classificou o episódio como “sequestro”, enquanto Caracas insiste que o agente foi detido por atividades suspeitas em território venezuelano.

O encontro entre González e Milei promete ser um marco para as relações entre os dois países e para o desmoronamento da oposição ao regime de Maduro. A tentativa de coordenação internacional liderada por González demonstra que as disputas de poder na Venezuela continuam a repercutir em toda a América Latina.

By Pedro A. Silva